A resposta para quem acompanha quadrinhos há algum tempo é óbvia: ” sim, desde sempre”
O que talvez seja novidade é que nunca tivemos tantos sucessos de audiência baseados em quadrinhos pipocando por aí para dizer como a banda toca. Novidade também é ver alguém da indústria de quadrinhos surgir confirmando esse tipo de “retro-alimentação criativa ”
Pois o editor da Marvel Dan Buckley não só confirmou que a editora está usando desse artifício como se defendeu de maneira agressiva daqueles que enxergam isso como algo negativo.
Só vou tocar nesse ponto porque acho essa controvérsia ridícula ! Em primeiro lugar é isto que nós deveríamos fazer para podermos ajudar a indústria de quadrinhos impressos, nós precisamos o maior números de pessoas possíveis interessadas do conteúdo que nós estamos disponibilizando para elas, e quanto menos “confuso” este conteúdo for para que estas pessoas comecem a acompanhá-los regularmente maior sucesso nós teremos
Estas pessoas que Buckley se referem são os leitores iniciantes que conhecem muito pouco ou quase nada sobre, por exemplo, os Vingadores nos quadrinhos, mas por curtir o filme decidi comprar a uma das revistas mensais do grupo. Daí quando esse leitor se deparar com uma formação da equipe com personagens diferentes dos das tela e que ele nunca viu na vida, a chances dele se tornar um marveta-safado leitor regular diminuem bastante.
Por isso a Marvel vem tentando deixar pelo menos em um título mensal uma formação parecida com a do cinema e até matou uma bacana animação muito fiel aos quadrinhos para colocar outra no lugar baseada no filme. Ok, do ponto de vista econômico faz sentido, mas também parece um pouco de ” Topa Tudo Por Dinheiro”, obrigando as equipes dos títulos criativos a se aterem a aquilo que fez sucesso em mídias mais populares.
Mas na segunda parte da declaração Buckley faz um interessante contraponto :
… mesmo assim, nós permitimos (o escritor ) Ed Brubaker matar o Capitão América e termos outro cara (Bucky Barnes) usando o uniforme por volta de 18 meses enquanto fazíamos um filme do personagem. Nós ficamos sem publicar Thor por mais de um ano então nós o relançamos com (a equipe criativa) JMS e Olivier Coipel contando a história dele. O editorial da Marvel diz o se pode ou não fazer com os personagens? Sim. E nós fazemos isso desde antes dos filmes e antes da aquisição pela Disney. Isso é o que um editorial de um grupo tem que fazer.
Ok, é uma argumentação bem sólida, e como até George Pérez disse na FIQ, a editora tem todo direito de traçar as linhas editoriais, afinal os personagens são delas. O problema é quando o editorial interfere em cima da hora para mudar algo visando um maior apelo comercial mudando o que foi previamente aprovado, coisa que acontece na DC e causou a saída do mito Pérez da editora.
Mas será que ao invés de atrair novos leitores, será que isso não acaba espantando os leitores antigo que não engolem algumas mudanças bruscas e sem sentido?
E o que o editor também esquece de dizer é que no exemplo citado do Capitas, quando o filme saiu Steve Rogers já havia reassumido o uniforme há algum tempo. E que essa preocupação é em fidelizar o leitor parece desaparecer quando se tratam de filmes que não são do Marvel Studio, afinal às portas da estréia do ” Espetacular Homem-Aranha 2″ nós quadrinhos ainda temos a versão “Superior” do personagem.
Pois é, se antigamente os fãs de quadrinhos ficavam todos ouriçados quando começavam os rumores sobre as adaptações para o cinema e tv de suas séries favoritas, hoje quando começa a ouvir os mesmos rumores só franze a testa e torce para não dar uma merda muito feia.
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