Aproveitando a promoção durante a San Diego Comic-Con decidi testar o Marvel Unlimited, mesmo sendo um Dceneco.
Não que eu seja fã do formato digital, um dos meus maiores prazeres é juntar pilhas de papel nas prateleiras da minha casa.
Mesmo assim decidi ver qualé dessa parada.
A primeira série (e na verdade única até agora) que corri atrás foi a elogiada Hawekeye escrita por Matt Fraction e fantasticamente desenhada por David Aja, que aqui sai na revista mensal do Capitão América. De cara essa vantagem do Marvel Unlimited e de outros serviços de quadrinhos digitais para os leitores brasileiro: Dá para escapar dos famigerados (mas compreensíveis no nosso mercado) mixes dos títulos mensais, você pode apenas acompanhar a série que tem interesse .E a primeira desvantagem é que você tem que ter um domínio razoável da língua inglesa.
Outro ponto fraco é que ficam disponíveis apenas edições lançadas há 6 meses, para quem quer acompanhar junto com o mercado americano não serve. Nem de longe esse é o meu caso, afinal há anos deixei de ser um leitor da Marvel o que não faltam são séries bacanas que deixei passar para não trair a DC. Mentira, foi por falta de grana mesmo…
Ao assinante do serviço é permitido adicionar as edições escolhidas à sua livraria pessoal e até organizá-las em coleções. Você pode ler as edições on-line em seu computador, tablet ou smartphone. Nesses dois últimos você pode fazer o download de até 12 edições para ler off-line.
A interface do site e do app do Marvel Unlimited poderia ser um pouco mais intuitiva, mas é ok. Não gostei do player de leitura para ler no computador, mas até aí eu nunca me adaptei a ler quadrinhos ou livros na tela de um notebook/Pc. Já no tablet a experiência de leitura é boa, apesar de (pelo menos no que li até agora) não aproveitar nenhum efeito interativo que explorasse a plataforma. No smartphone eu nem tentei porque sou cegueta e também porque gosto menos ainda de ler nele.
Aí vai aquele velho mantra dos adoradores de papel como eu: “No digital você perde a experiência tradicional de leitura, o contato dos dedos com as páginas, os detalhes já que a arte original foi pensada para outra mídia, etc….
Ok, tirando o lance do tato, as outras questões são pertinentes principalmente em se tratando de edições mais antigas dos anos 70, 80, ou 90. Em edições mais recentes fica claro a preocupação com a plataforma digital quanto ao formato e colorização.
Para mim o problema principal é outro: quando se pega algo com uma arte tão boa quanto a de David Aja em uma revista tradicional eu a abriria e ficaria por alguns segundos, admirando a narrativa pouco usual utilizada quadro-à-quadro. No tablet por mais que eu possa dar um zoom, virar de ponta cabeça, espremer,etc… não me parece ser a mesma coisa.
Mesmo com as ressalva jurássicas achei o serviço muito bom! Apesar de ter pago apenas U$ 0,99 acho que mesmo se pagando o preço normal da assinatura padrão (U$ 9,99) vale a pena. Sim, eu sei que poderia ler tudo isso de maneira digital “de grátis” nos torrents da vida. Mas só a facilidade de ter tudo ali “a mão” e sincronizado em diferentes dispositivos já acho que vale pelo ganho de tempo.
Aliás, tempo é o que me deixa indeciso quanto continuar assinante, pois pela falta dele em um mês aproveitei muito pouco do serviço. Não ando dando conta nem de ler as edições físicas que comprei nos últimos meses.
Fora isso sou obrigado a reconhecer que se a DC também tivesse um serviço assim nessa faixa de preço eu provavelmente assinaria e desistiria de vez das edições de papel, comprando apenas um encadernado ou outro para coleção.
Mals aí Panini! Mas talvez essa seja a deixa para que vocês tragam esse tipo de serviço aqui para o Brasil, com o material traduzido para o português. Já ouvi em painéis com seus editores o quão complexo seria essa implementação aqui, mas talvez seja o caso de as primeiras medidas serem tomadas antes que as próprias editoras americanas o façam ou que os scans tomem conta de vez.
Afinal hoje já tem uma geração que cresce usando tablets sem saber direito o que é um livro ou um caderno. Os juntadores de papel logo estarão extintos e eu espero que eles não levem o mercado nacional junto com eles.