No meu review do Marvel Unlimited, o serviço de streaming digital da Marvel, comentei que estava lendo o elogiadíssimo Gavião Arqueiro do escritor Matt Fraction e do desenhista David Aja.
Hawkeye (no original) foi junto ao Demolidor de Mark Waid a minha primeira incursão às coisas mais recentes publicadas pela editora. Serão elas as responsáveis por me levar de volta para “o lado marveta da força”?
Não, não serão porque só um aporte mensal de grana me faria ir para esse lado, já que eu gasto até demais com o que venho acompanhando regularmente. Essa é uma das vantagens de ambas as séries também, pois as duas são auto-contidas evitando a obrigatoriedade de se acompanhar outros títulos para entender toda história.
Além das semelhanças das fases atuais, o Gavião-Arqueiro de Fraction lembra um pouco o Demolidor de Frank Miller com um quê da fase do Homem-Aranha “loser”dos anos 80. O Clint Barton que acompanhei nessas edições tem muito pouco a ver com aquele fanfarrão-canastra da época em que eu o acompanhava nos Vingadores da Costa-Oeste.
Como o autor nos lembra em toda abertura da revista (ao lado sempre de alguma sacada bem bolada) essa é a história do que o maior atirador do mundo faz quando não está com os Vingadores. Essa é a deixa para trazer o personagem a um tom muito mais urbano deixando bem claro a inequação sentida por ele tanto em lutar ao lado de “deuses” quanto ao tentar ter uma vida normal em um bairro decadente de Nova York. Por conta disso, Barton vai se enfiando em um monte de confusões sempre agindo primeiro e pensando depois, quebrando a cara e passando por situações vexatórias na maioria das vezes.
Além de um bom elenco de coadjuvantes temos a jovem Kate Bishop (que também usa o mesmo nome heroico de Barton), como co-protagonista da trama e Lucky a.k.a Pizza Dog, o cão de estimação deles que estréia uma das edições mais legai que li até agora.
Mas chega de babar o ovo para o enredo para fazê-lo pelo que realmente vale no título: a arte e narrativa que o desenhista David Aja definiu para o título é sensacional. Lembra (de novo) o traço de David Mazzuchelli quando desenhava o Demolidor de Miller, mas ousando muito mais na narrativa. Outro mérito da série é o colorista Matt Hollingsworth que usa o roxo e o preto como cores predominantes na maioria das páginas e, por incrível que pareça, isso funciona muito bem. Mesmo quando não são eles os responsáveis pelas edições, os outros artistas mantêm o estilo e o ótimo trabalho.
Em resumo, material de primeira! Merecia ser publicado aqui em encadernados ao invés de sair no mix da revista do Capitão América. Quem sabe quando Fraction encerrar seu run no título lá fora (ele infelizmente já anunciou que irá fazer em breve) a Panini se anima a lançar isso no Brasil. Vale o lugar na prateleira, mesmo que você tenha comprado as revistas do Capitão ou lido as versões digitais.
Nota 7,5 flechas-bumerangues
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