Embora eu tenha comprado ambos volumes em seus respectivos lançamentos, só essa semana consegui ler “São Jorge” do elogiado autor Danilo Beyruth.
Havia muita expectativa por esse trabalho do cara, principalmente após o ótimo “Astronauta: Magnetar”, que inaugurou a linha Graphic MSP e ainda hoje permanece como o melhor trabalho dela.
Não li tudo que Beyruth fez (ainda tenho que correr atrás de “Necronauta”), mas arrisco dizer que São Jorge é o melhor trabalho dele, mas mesmo assim não supera o já citado “Magnetar”.
Difícil de entender? Vou tentar explicar:
Misturando a lenda com fatos históricos Beyruth narra o que seria a origem do mito de São Jorge, o matador de dragões. Esse equilíbrio é um dos pontos alto da trama, pois apesar de flertar com elementos do sobrenatural a trama é muito fiel à realidade do período histórico em que ela se passa. Achei a solução menos fantasiosa usada para representar o dragão muito boa.
Outro ponto forte é a arte que consegue imprimir a grandiosidade necessária paras as cinematográficas cenas de ação. Seja quando o tribuno Jorge está no comando de seu exército ou quando está enfrentando o temível monstro, o traço e a narrativa de Beiruth saltam aos olhos.
Mas o que me ganhou mesmo em “São Jorge” foi que apesar do tom épico ela é uma história muito pessoal de fé (não necessariamente religiosa) e princípios. O segundo “confronto” de São Jorge com o dragão é um exemplo disso: não tem as sequências de ação do primeiro, mas é travado internamente por Jorge na mesma intensidade.
E são todos essas virtudes que me fazem lamentar muito o principal defeito dos dois volumes: o formato escolhido para a publicação deles.
As splash-pages e os quadrinhos wide-screen utilizado por Beiruth GRITAM por mais espaço, por um formato maior e não esse formato mezzo formatinho, mezzo mangá que a Panini optou sei lá porque. Dizem que teria sido para baratear e poder ser também distribuídos em bancas, o que não parece lá fazer muito sentido já que as bancas estão apinhadas de encadernados da editora na mesma faixa de preço.
Se tivesse sido adotado o formato de “Magnetar” para “São Jorge”, por exemplo, este último superaria seu antecessor. Como isso não aconteceu dá para coloca-los em uma espécie de empate técnico.
Nesse caso, só quem ganha é sua coleção de quadrinhos.
Nota:
8 Gauleses perdidos
De 10 Gauleses perdidos disponíveis.