Podem falar o que quiser de Batman V Superman- A Origem da Justiça, só é impossível não falar desse filme que vem dividindo a Internet no meio desde sua produção, com anúncios de casting, trailers e declarações visionária de seu diretor.
E após seu lançamento rachou definitivamente a opinião pública com gente amando e gente odiando o filme.
Mas e aí? Quem está certo afinal?
Bom, logo de cara dá para dizer que ambos estão errados! E de cara também dá para dizer que esse texto vai ter spoilers então, se você ainda não viu o filme e tem spoilerfobia, hora de dizer “Tchau Lililica”
Tchau Lilica!
BVS (para facilitar) não faz jus à expectativa de unir pela primeira vez nas telonas os três maiores ícones dos quadrinhos, mas está muito, MAS MUITO, longe de ser essa porcaria toda que parte da crítica americana diz ser.
O filme é bom, do mesmo nível da maioria dos filmes recentes do gênero super-heróis, mas tem uma série de problemas que derivam principalmente da responsabilidade dele em ser a pedra fundamental do cineverso DC no cinema. Os bilhões em jogo fizeram que o filme deixasse de ser apenas uma história em que Batman e Superman se conheciam e se enfrentavam para introduzir o plot dos outros filmes da DC, a Liga da Justiça e o provável vilão deles: Darkseid. As 2:30 de filme acabam sendo poucas para englobar todos esses objetivos, desenvolver essa nova versão do Batman, evoluir de maneira o natural Superman pós “Homem de Aço” e o embate filosófico entre eles.
Talvez por isso boa parte da crítica e os fãs tenham achado a Mulher Maravilha de Gal Gadot uma das melhores coisas do filme. Ok, ela surge meio do nada no filme, mas desde quando aparece na tela como Diana Prince até a hora em que põe seu traje para enfrentar o Apocalipse no ato final, ela passa uma imponência e carisma que a coloca acima dos outros dois protagonistas. Enquanto Batman e Superman ficam com suas dúvidas e demônios pessoais a Mulher Maravilha parece saber seu exato papel dentro daquele universo, o que é natural já que ela é uma deusa com centenas (ou milhares) de anos. Grande acerto, quase apagando meu post em que critiquei a escalação de Gal Gadot.
O criticado Ben Affleck também queimou a língua dos críticos em uma boa interpretação tanto como Batman quanto como Bruce Wayne. Nada desse exagero de dele ser “O Batman definitivo dos cinemas”, mas mostrou bastante potencial para quem sabe ganhar esse título em um possível filme solo.
Já Henry Cavil e Jesse Eisenberg decepcionam. O primeiro não sei se por culpa do roteiro e direção ou se é ruindade mesmo não conseguiu dar o peso necessário para o Superman, principalmente se consideramos que é o segundo filme vivendo o personagem. Na minha sessão a audiência urrou enquanto o Batman enfiava a porrada sem dó no Super, claro pode ser um fato isolado, mas deixa claro o quanto o pessoal não se importava com o personagem que naquele momento era o que tinha os motivos certos no embate,estava procurando o Morcego para ajudá-lo a salvar sua mãe e o Batman não quer nem saber de papo.
Já o Luthor de Eisenberg não me desceu. Os trejeitos exagerados para mostrar uma psicopatia do vilão me incomodaram demais. Quero rever com o audio original, já que fui obrigado a ver dublado, para ver se não foi a dublagem que potencializou a atuação caricatural. Pelo menos achei interessante ele servir para trama como catalisador da formação da Liga.
Agora, precisamos falar sobre Zack Snyder…
Não tem como eximir o diretor da culpa de BVS não ser um filme melhor. Suas ambições em fazer algo ainda épico em um filme que já era épico por si só acaba deixando o ritmo arrastado e por vezes confuso.Talvez os iniciado nos quadrinhos tenham sentido menos essas sensações, mas não sei se a sequências como a visão/sonho do Batman fizeram sentido para o público normal. Será que esse tipo de inserção não poderia ter ficado para o primeiro filme da Liga? Fora que Snyder segue pesando a mão em características dele que já viraram piada pela internet como a necessidade de enfiar câmera lentas em tudo que é cena.
Em defesa do “visionário” dá para dizer que visualmente o filme é ótimo e como de costume ele manda bem nas cenas de ação. A parte final em que a Trindade luta junta talvez seja a única parte do filme que honra a importância dos personagens. Também fica claro que algumas críticas negativas derivam de uma tremenda má vontade dos críticos com o diretor. Tudo bem que ele até faz por merecer essa birra, pois em algumas declarações Snyder parece aquele jogador que no início de carreira já é taxado como craque e passa a acreditar nisso piamente e se portar como fora de série, mesmo não sendo verdade. Isso explica o nariz torto da crítica, mas alguns levaram coisa quase a nível pessoal em alguns reviews.
Só que esses reviews negativos não refletiram no fim de semana de estréia do filme, e ele conseguiu números para lá de expressivos. Só isso já indica que o principal objetivo que era tornar economicamente viável todo o cronograma de filmes da DC/Warner foi atingido, o que é uma boa notícia para qualquer fã de quadrinhos. A má notícia é que talvez esse sucesso seja uma carta branca para Snyder fazer o que quiser com a Liga e insistir em não rever sua abordagem. Adoraria que o colocassem em uma posição de produtor executivo ou algo assim e deixassem a direção dos próximos filmes para outra pessoa mais capacitada, mas com o sucesso comercial acho difícil isso ocorrer.
E com ele na direção fica difícil de esperar um filme que acima da média, como nós esperamos e como esses personagens merecem.
Mas oremos…