Olha aí a volta da coluna que eu mais gosto de fazer,e que mais me falta tempo para tal. Até porque anda faltando tempo até para ler, consegui zerar um pilha de leitura que se arrastava desde novembro somente essa semana.

Mas Unknow Soldier -Haunted House é o tipo de quadrinhos que merece algumas linhas, nem que seja para ficar conhecido entre a meia-dúzia de leitores desse blog.

Comprei esse encadernado na edição extra do Mercado das Pulgas, sem muitos conhecimento prévio o adquiri mais por conta do selo Vertigo na capa e por saber que se tratava de uma releitura de um clássico personagem da DC , o Soldado Desconhecido personagem que surgiu nas páginas do Sargento Rock com aventuras ambientadas na Segunda Guerra.Só quando peguei para ler reparei nas frases elogiosas na capa e contra-capa de autores do calibre de Warren Elis e Garth Ennis.

E esses elogios não são em vão! O então desconhecido para mim Joshua Dysart (que depois eu viria elogiar aqui pelo trabalho na Valiant) consegue criar uma história impactante, daquelas que atacam a gastrite de nervoso, ambientando a trama em um cenário caótico e infelizmente bem  real em muitos países do continente africano:conflitos étnicos, guerra civil, ditadores homicidas e exércitos formado por crianças.

Estamos em Uganda no ano de 2002 e lá encontramos Dr. Moses Lwang ( nascido no país africano e criado nos EUA) e sua esposa empregando todos seus esforços para minimzar as baixas entre os conflitos dos rebeldes do LRA(Lord Resistance Army) e o corrupto governo ugandês. Lwang é um pacifista e condena qualquer tentativa de mudanças através da violência.

Mas recorrentes pesadelos cheios de violência veem o  atormentando e a dura realidade enfrentada diariamente acaba deixando  o bom doutor a beira de um colapso,  até que em determinado momento ele decide agir saindo às cegas atrás de guerrilheiros para tentar salvar uma garotinha sequestrada.

Lwang acaba sendo capturado também e quando  prestes a ser executado,uma voz interior surge do nada fazendo com que o médico pacifista se transformasse em uma máquina de matar, que nas páginas seguintes começa empreender uma guerra sangrenta e solitária contra ambas as forças  que oprimem o país.

Mas não imagine que é uma daquelas histórias de exército-de-um-homem só muitos populares no cinema nos anos 80, o roteiro de Dysart é feito em cima de uma sólida pequisa da política e conflitos em Uganda, e não se furta em amenizar a terrível realidade local de mutilações, assassinatos e estupros, mesmo que maioria vítimas dessa violência não tenham mais que 13 ou 14 anos .Não é uma leitura leve,tem que preparar o espírito para encarar.

Esse é o primeiro arco da série que foi publicada nos em 2009 e se estendeu a mais 3 até seu encerramento em 2011. Até onde eu sei o material permanece inédito por aqui. Vale a pena ir atrás do material mesmo que seja daquele jeitinho que costumamos fazer quando coisas boas publicadas lá foram não chegam aqui.

Nota 8

(Não dá para fazer o meu tradicional gracejo de dar a nota baseado em alguma coisa engraçadinha ou edificante  que aparece na história.Não há essas coisas em Unknow Soldier)