Sempre tento fugir das escolhas mais óbvias quando vou escolher a imagem mais relevante ou non-sense da semana.
Mas dessa vez não deu para evitar! Apesar do assunto já ter sido destrinchado (aqui, e aqui) e eu concordar com a maioria dos pontos levantados pelos nobres bacharéis venho dar meus dois toletinhos de merda centavos de contribuição sobre o assunto:
Para quem perdeu o bonde ou prestou atenção em notícias menos relevantes na semana (como protestos, impeachment e achaques):o desenho acima, que é uma alusão ao clássico “Piada Mortal”, do desenhista brasileiro Rafael Albuquerque e ela seria uma capa variante edição 41 da revista da Batgirl no mês em que todas as revistas de linha da DC homenagearão o Coringa.
“Seria” porque a arte (que está fantástica) foi revelada antes da impressão da revista e explodiu uma tremenda controvérsia entre fãs, artistas e jornalistas da indústria de quadrinhos. Um grupo se levantou contra a capa por considera-lá violenta, alimentar “a cultura do estupro” e não ter nada a ver com o tom mais “alegre” que o título da heroína adotou após ser reformulado. Entre estes estava também o escritor da série Cameron Stewart.
Outro grupo passou a defender que a capa permanecesse, que seu cancelamento seria censura e uma perigosa concessão à “patrulha do politicamente correto”. Enquanto esses grupos se digladiavam nas caixas de comentários da vida, Albuquerque pediu para DC não publicar a capa e a editora acatou.
Claro que isso não fez cessar toda polêmica e ainda fez pipocar uma série de teoria conspiratórias, entre as quais a DC teria pedido uma capa mais “pesada” para o artista e que depois teria o pressionado a desistir da capa.
Difícil de crer em algo assim após ler a entrevista de Albuquerque para o UOL sobre o caso. Assim como é difícil não concordar com os pontos expostos por ele para pedir que a capa não fosse publicada ou com a maioria dos argumentos sensatos usados por quem era pró ou contra a capa.
O que mais me incomodou nessa quizumba toda foi o fato de que ela ocorreu por conta de uma “capa variante” que sai em apenas uma parte da tiragem e tem o principal objetivo de alavancar a venda de uma revista fazendo com que os colecionadores do mercado americano comprem duas, três, setenta e oito cópias de uma mesma edição.
Para o público que não coleciona, a escolha da capa poderia ser feita nas próprias comic-shops: quem queria algo na linha do que vem sendo publicado compra edição com a capa normal e aqueles que piraram na arte e na referência da capa variante compram a que vem com ela.
Acho todo mundo ficaria feliz.
Pelo menos para aqueles realmente iam comprar a revista.
Arrisco dizer que seria a esmagadora minoria que participou de toda a discussão…