Ô da Poltrona: A Segunda Temporada True Detective

Essa vai ser difícil…

Sabe quando você realmente quer gostar muito de alguma coisa, mas lá no fundo tem a sensação de que há algo errado e você não consegue gostar tanto assim?

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Findada a segunda temporada de True Detective essa é exatamente a sensação que ela me deixou. Queria poder escrever que mesmo não estando do nível da primeira temporada (que eu já imaginava que dificilmente seria sequer igualado) ela ainda assim foi muito boa. Mas não sei até onde esse “querer gostar” está me fazendo ser condescendente com a série  ou se são as inevitáveis comparações com a jornada de Rust e Marty que dão a impressão que a série foi muito aquém do que poderia ser.

(Sim, será uma crítica  de uma pessoa que na verdade não tem uma opinião final sobre o conteúdo analisado e espera encontrá-la enquanto a escreve, o que aliás é bem normal na internet. A novidade talvez é que eu pelo menos esteja assumindo isso no primeiro parágrafo.)

Acho injusto comparar a segunda com a primeira temporada de True Detective. No primeiro ano tudo se encaixou e beirou a perfeição: elenco, direção, fotografia, trilha sonora e para  ser mais covarde na comparação  quase não havia nenhuma  expectativa  sob a série.

Mesmo assim, já adianto que o que mais vai ter nesse texto são essas injustas comparações. E alguns spoilers bem de leve, portanto:

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Tivemos 4 protagonistas nessa segunda temporada; os policiais Ray Velcoro (Colin Farrel), Ani Bezzerides (Rachel McAdams, Paul Woodrugh (Taylor Litsch) e o mafioso Frank Semyon (Vince Vaughn) ao contrário dos dois da primeira. Só que como obviamente quantidade não é sinal de qualidade faltou muito para que fossem igualados o carisma e o nível das atuações de Woody Harrelson e principalmente Matthew McConaughey. Por mais que Farrel tenha se destacado e nenhuma atuação tenha sido abaixo da média, aqueles diálogos existencialistas e filosófico que proporcionaram grandes momentos na primeira temporada, por exemplo, na atual soam sem sal e até infantis. Ok, pode ser que o texto tenha piorado, mas fazendo o exercício de imaginar um dos monólogos de Rust na boca de  Frank enquanto este mexe freneticamente as sobrancelhas  dá para constatar que a diferença está mesmo  na atuação sobrenatural de McConaughey, que provavelmente  daria profundidade até em uma leitura de receita de bolo.

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É isso aí…

Outro ponto que me desagradou é que se na primeira temporada a trama flertava com o desconhecido, utilizando elementos da mitologia por trás do livro O Rei Amarelo, a segunda  passa bem longe de misticismo e temas religiosos. Houveram alguns indícios como nas máscaras utilizadas pelo assassino ou nas dilacerações encontradas no corpo da vítima que desencadeia todo o caso, mas isso nem de longe é explorado. E não faz falta só  as referências ao sobrenatural, faz falta o elemento mistério também, já que todas as descobertas veem naturalmente sem grandes sobressaltos. Não dá para dizer que é previsível, mas conforme se encaminham as investigações vai ficando evidente onde os protagonistas vão chegar.

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Acho que o principal motivo da rejeição por parte de crítica e público para essa nova temporada foi por conta dessa mudança de tom. Até para quem acompanhou o noticiário sobre a série falando das mudanças antes de seu lançamento foi estranho sair daquele universo denso criado e entrar um um thriller policial bem feito, mas sem tantas camadas a serem exploradas. Há muita complexidade na construção dos personagens através dos passados problemáticos dele, mas fora isso (que é usado mais usado só como pano de fundo) é uma espécie de filme policial conspiratório linear  com algumas boas cenas de ação e trama ok. E parece que tudo melhora quando da metade para o final a série deixa de lado às referências que tentam emular a primeira temporada e prioriza mais a ação com os  personagens principias partindo para o ataque.

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Se a série se chamasse “Three Detectives and a Mobster”, por exemplo, acho que  conseguiria mais aceitação do que recebeu do público e crítica, pois a segunda temporada True Detective foi boa. Não muito boa, mas boa.

Mas ao trazer no título o peso do nome de uma das melhores coisas já  produzidas para a televisão recentemente e por mais que a expectativa (que é a mãe da merda) estivesse sob controle,  mesmo com toda boa vontade de fã, não dá para não dizer que essa temporada foi sim uma decepção.

Editado às 15:20

Para mostrar um pouco da controvérsia dessa segunda temporada vejam dois reviews de feito por bons sites de séries que acompanho:

Um exaltando o final da temporada no Ligados em Série

E outro sentando o sarrafo do Spoiler TV

 

5 respostas em “Ô da Poltrona: A Segunda Temporada True Detective

  1. Pingback: Como Fazer com Que a Terceira Temporada de True Detective Seja Um Sucesso? Fácil: Só Misturar Com Star Wars! | Uatafókin is This!!!

  2. Me senti assistindo um filme comprido feito exclusivamente para ganhar Oscar… muita técnica e história mesmo ficou de pano de fundo, uma idéia legal, confusa pra caralho que poderia ser muito melhor explorada.

    • Depois desse textão fui atrás das críticas pela internet e as opiniões em geral estão bem divididas. Uma das coisas que mais batem é nos planos sequências e alguns preciosismos técnicos (como aquele monte de tomadas aéreas mostrando as highways americanas) . Não quis entrar nesses méritos pq não manjo menos ainda, mas dá mesmo a impressão de ser menos orgânicos que as tomadas da primeira temporada.

      Mas resumindo, que cagou tudo foi mesmo a primeira temporada que jogou a barra lá em cima até em termos técnicos.

      • Não acho, pensa se vc tivesse assistido a série sem existir uma primeira temporada… seria comum. Não mereceria nem post aqui… tipo um filme do Zequinha (chupa Fabiotec q não lê aqui)

        • Acho que mereceria sim.Isso desde que eu tivesse assistido a série, o que não sei se aconteceria caso não tivesse o apelo de levar o True Detective no nome.
          Mas enfim, Chupa Fabiotec!

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