Apesar de ser um verme viciado em quadrinhos e não deixar de assistir os filmes do Marvel Studio nos fins de semana de estréia, confesso que já andava há algum tempo um pouco cansado da repetição de fórmula deles.
Segundo parte do público e da crítica especializada Capitão América: Guerra Civil por sua qualidade seria o filme que iria renovar a fé dos chatos de galochas que como eu que ficam apontando o dedo para uma tal “saturação” dos filmes do Marvel Studios e de super-heróis em geral
Será?
Bom, antes de descobrirmos, se você a essa altura do campeonato ainda está preocupado com spoilers fica o aviso :
Os elogios são justo, realmente Guerra Civil é um ótimo filme, principalmente por tirar tudo que pode da agora comprovada “maior estrela” do Marvel Cinematic Universe: O próprio Marvel Cinematic Universe! É ele que permite que se possa encher a tela de personagens, cada um com sua relevância, por conta da maioria deles já ter sido contextualizado em filmes anteriores. Daí facilita muito para os competentes Irmãos Russo nos trazerem um filme com um roteiro enxuto e repleto de bons diálogos. De bônus, ainda introduz dois novos personagem: o Pantera Negra (de maneira orgânica, ligando sua origem a um dos plots principais do filme) e a aguardadíssima estréia do Homem Aranha em um filme “puro” da Marvel (que é feita de forma meio jogada, mas esse novo Cabeça de Teia ficou tão bacana que não dá nem pra se incomodar com isso).
Além disso o fato de já ter sido feito 12 filmes dentro desse universo permitiu ao Marvel Studios poder analisar o quê funcionou e o quê não funcionou neles e aplicar esse aprendizado em Guerra Civil.
“Cenas grandiosas e empolgantes de batalhas entre seres super-poderosos como no primeiro Vingadores? Vamos melhorá-las em Guerra Civil”
“Capitão América: Soldado Invernal é é considerado o em termos de roteiro e direção o melhor filme do MCU? Então deem a direção de Guerra Civil nas mão dos Irmãos Russo para que continuem ao desenvolvimento do Capitão América iniciado no segundo filme do personagem e por tabela expandam essa evolução por todo Cineverso Marvel.”
A trama do filme é simples e tem pouquíssimo a ver com a obra original dos quadrinhos, mas cumpre bem a função de causar uma divisão entre Vingadores. Após uma missão mal-sucedida da equipe causar algumas fatalidades de civis, a ONU decide que os Vingadores terão que submeter a ela antes de agirem. Os membros do time divergem sobre aceitar ou não essa sanção e dois grupos acabam se formando: os a favor dela liderados pelo Homem de Ferro e os contrário liderados pelo Capitão América. O legal é que pelo menos em um primeiro momento, antes que os heróis descubram que estão sendo manipulados, ambos lados tem bons argumentos e por mais que você tenha uma tendência a tomar o lado do Capitas, não dá tirar a razão do grupo pró-ONU.
Times definidos o negócio é colocar eles para quebrarem o pau, afinal o que todo mundo que ver é a a pancadaria. E graças ao conflito ideológico que motiva os combates as grandes sequências de ação que ocupam boa parte das 2:36 de filme ganham mais substâncias.
O elenco todo está mais que a vontade, até porque alguns estão revisitando o personagem pela quarta, quinta vez, mas dá para destacar os novatos Chadwick Boseman e Tom Holland e também o quase estreante Paul Bettany com mais tempo de tela mostrando mais de sua visão do Visão (RS…).
E finalmente vimos um Capitão América com uma grandeza semelhante aos quadrinhos na tela, nem tanto pela boa atuação de Chris Evans, mas também por conta da trama favorecer em muito o personagem engradecendo seus feitos e o mostrando como farol moral de seus aliados. Mesmo sendo uma espécie de Vingadores 2.5 protagonismo do filme é do Capitão, e como no final ele e seu grupo acabam como renegados perseguidos pelo governo e fica a brecha para que nos filmes seguintes possam levar o personagem para um caminho que sempre rendeu as melhores momentos dele nos quadrinhos: um Capitão América que contesta e confronta o governo.
Bom, se você chegou aqui não deve estar curioso para saber se todas as qualidades de Capitão América- Guerra Civil conseguiu soprar um pouco de vida nesse cemitério que mora dentro do meu peito e tirar esse ranço que eu vinha tendo dos filmes da Marvel.
Bem, a resposta é sim, mas não porque eu ache que o filme tenha sido uma inovação “jeito Marvel” de fazer filmes, muito pelo contrário ele é a mesma fórmula batida, só que executada com maestria. Até mesmo os erros de seus antecessores (um vilão fraco, alguns furos de roteiro e a forçação de barra em ter que enfiar um monte de piadas em momentos que elas não encaixam) se repetem, ainda que em menor escala. Mas se Guerra Civil for o Norte para as próximas produções e esse nível for mantido, o que convenhamos não será fácil, isso já será garantia de um blockbuster divertido e muito bem feito.
Isso já bastará para diminuir por algumas horas meu costumaz azedume.