Já que não tem atualização no blog há milhares de anos nada melhor do que escrever sobre um gibi em que a história se passa há milhões de anos atrás: o encadernado dos Flinstones do escritor Mark Russel e do desenhista Steve Pugh.
Sim, estou falando de gibi mesmo não de desenho animado ! Caso você não saiba a DC Comics publica desde 2016 quadrinhos de personagens de Hanna & Barbera e no ano passado a Panini começou a publicar uma parte desse material aqui no nosso BRAZA.
Peguei os dois encadernados da H&B lançados aqui: Future Quest, com os heróis dos desenhos como Space Ghost e Johnny Quest, e os Flinstones por puro saudosismo. Se o primeiro atendeu em 200% à no quesito “lembrar dos tempos de guri”, sem ir muito além disso, a releitura de feita Fred Flinstone e cia vai muito (MAS MUITO!) além disso.
A surpresa logo ao iniciar a leitura só não foi maior porque o título mensal dos Flinstones lá fora já vinha recebendo várias críticas positivas, mas eu realmente não esperava que conseguissem fazer algo tão interessante e tão atual baseado em um material fonte que hoje em dia pode ser considerado bem simplório.
Não que eu esteja diminuindo a importância e o pioneirismo do desenho animado dos Flinstones, desenvolvido à princípio para o público adulto (daí os famosos comercias de cigarro) os episódios eram exibidos no horário nobre e com certeza lá nos anos 60 conseguiam satirizar alguns costumes da época. A questão para mim era se hoje em dia uma releitura dos personagens iria conseguir seguir nesse espírito e fazer algum barulho frente à outros materiais que, inspirados nos próprios Flinstones, metem os dois(ou dez) dedos na ferida dos costumes de nossa sociedade.
Essa dúvida se dissipou logos na primeira história, pois em uma espécie de retroalimentação o texto de Russel pega muito da linguagem dos desenhos atuais voltados para o público adulto, de Simpsons a Bojack Horseman, e vai além para para fazer críticas social foda contundentes aos dias atuais, da sociedade de consumo à religião através de um humor anárquico que flerta com a melancolia, sem se distanciar do material original
Estão lá as gags visuais, os trocadilhos de nome com personalidades reais e tem eletro-domésticos com animais pré-histórico a dar com o pau, tudo isso acompanhado da grande sacada de dar mais profundidade para elementos que já eram presentes na animação, como por exemplo fazer de Fred e Barney veteranos de guerra e o clube dos Búfalos d’Águas ser um grupo de auto-ajuda para os ex-combatentes
A arte de Steve Pugh está ótima, me incomodou apenas o fato de todos personagens serem meios bombadões, mas acho que isso foi escolha proposital por conta da adoção de uma anatomia mais real do que cartunesca para os personagens. Outro ponto a se destacar foi a localização dos quadrinhos para o Brasil, os tradutores Eric Novello, Mariana Naime e Levi Trindade adaptaram muito bem os trocadilhos para nossa realidade.
Parece difícil de acreditar, mas Os Flintones é uma das leituras recentes mais bacana que você vai encontra para ler nas bancas em muito tempo, um quadrinhos que arranca alguns risos ao mesmo tempo nos obriga a fazermos algumas reflexões, uma experiência muito válida por mais agridoce que seja.
8/10 IABA-DABA-DOOs
Olar
olar! Vc por aqui?
Tô com muita vontade de ler isso. Já tinha ouvido falar desse aspecto social, que fala de exploração do trabalho, de união homoafetiva, conflitos de gerações etc.
Lá vou eu gastar mais dinheiro.